Muitas vezes pensamos em autoestima como algo ligado apenas à aparência ou à forma como nos apresentamos ao mundo. Mas, na verdade, ela vai muito além disso. Autoestima é a maneira como nos percebemos, como nos tratamos e como acreditamos merecer estar no mundo. Ela se manifesta em pequenos gestos do dia a dia: na forma com que lidamos com nossos erros, ou na coragem de assumir escolhas que refletem quem realmente somos. É um olhar que pode nos impulsionar para a frente ou, quando fragilizado, pode nos aprisionar em dúvidas, inseguranças e medos. E, ainda que muitas vezes não percebamos, esse olhar molda a forma como nos relacionamos, como enfrentamos desafios e até como construímos nossos sonhos.
O psicólogo Walter Riso, no livro Apaixone-se por si mesmo, traz uma reflexão poderosa:
“Os trabalhos realizados no campo da psicologia cognitiva nos últimos vinte anos mostram claramente que a visão negativa que se tem de si mesmo é um fator determinante para o surgimento de transtornos psicológicos… A conclusão dos especialistas é clara: quando a autoestima não tem força suficiente, vivemos mal, somos infelizes e sofremos de ansiedade.”
Esse trecho traduz muito bem o impacto que a autoestima tem sobre a nossa vida. Quando nossa visão de nós mesmos é distorcida, passamos a viver em constante dívida com o mundo: buscando aprovação externa, evitando desagradar, duvidando do nosso próprio valor. É como se cada passo fosse medido por critérios que nunca parecem suficientes, e o resultado disso é um ciclo de insegurança, ansiedade e sofrimento.
Mas a autoestima não é uma característica imutável. Ela é uma construção, feita de experiências, escolhas e formas de se relacionar consigo. É possível cultivá-la ao longo do tempo, aprendendo a enxergar as próprias qualidades, reconhecendo os esforços feitos no dia a dia e se tratando com mais gentileza. Esse processo não significa se tornar perfeito ou eliminar as falhas, mas aceitar que errar faz parte e que nenhum erro define, sozinho, quem somos.
Na terapia, costumo observar como o fortalecimento da autoestima traz mudanças profundas. Quando uma pessoa passa a se olhar com mais compaixão, ela também começa a estabelecer limites mais claros nos relacionamentos, a se posicionar com mais segurança e a se permitir viver escolhas que antes pareciam inalcançáveis.
Cuidar da autoestima é, no fundo, cuidar da base que sustenta todas as nossas escolhas. É como reforçar o tecido da vida para que ele não se rompa diante das dificuldades, mas também para que possa sustentar os momentos de alegria e crescimento.
Talvez a pergunta que fique seja simples, mas essencial: como você tem se tratado nos últimos tempos? Quais palavras costuma usar quando fala consigo mesmo? Talvez esteja na hora de reescrever essa conversa interna, não como alguém que se critica a cada passo, mas como alguém que se apoia, se encoraja e se reconhece. E, nesse processo, descobrir que se apaixonar por si mesmo não é um luxo, mas uma necessidade para viver de forma mais plena e verdadeira.